Os
anos 90 foram uma época vibrante no Ocidente. A queda do Muro de Berlim,
seguida pela derrocada das ditaduras comunistas do leste europeu, criou, no
ideário popular, a imagem de um futuro esplendoroso, onde a superpotência
vencedora da Guerra Fria iria reinar absoluta e com ela seus valores e
tradições. Muito embora houvesse ainda guerra nos Bálcãs e AIDS na África, a
história parecia ter chegado ao fim. A ruína do totalitarismo vermelho na
Europa fez parecer que era realmente verdadeira a antiga crença ocidental de
que a humanidade marcha inexoravelmente rumo ao progresso.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
POR QUE MINORIA DE UM?
"O fato de ser uma minoria, mesmo
minoria de um, não significava que você fosse louco. Havia verdade e havia
inverdade e, se você se agarrasse à verdade, mesmo que o mundo inteiro o
contradissesse, não estaria louco. (...) Sanidade mental não é uma coisa
estatística. (...)”.
George Orwell, 1984.
Algumas das passagens mais impactantes do livro 1984, de
George Orwell tratam sobre a fluidez do conceito de realidade. Através de cenas
como a reunião dos três minutos de ódio, Orwell pinta um quadro aterrador onde
um governo totalitário superpoderoso manipula os fatos a seu bel-prazer,
obrigado os cidadãos a viver num estado de ignorância auto induzida. Mesmo
tendo uma mentalidade crítica ao governo de Oceânia, o protagonista Winston
Smith não consegue deixar de se levar pelo sentimento da multidão entorpecida
pelo espetáculo orquestrado pelo Partido.
Mais adiante, Smith é preso por conspirar contra o regime.
Durante as sessões de tortura, O’Brien, seu algoz e confidente, busca invalidar seus
argumentos alegando que ele é apenas uma minoria de um.
"Integridade é o reconhecimento do fato
de que, (...) como um juiz que não dá importância à opinião pública, ele não
pode sacrificar suas convicções em prol dos desejos dos outros, ainda que seja
a totalidade da humanidade a implorar ou a ameaçar. (...)”.
Ayn Rand, A Revolta de Atlas, vol. III.
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