Nem o mais intransigente crítico
do marxismo pode negar sua capacidade de propaganda e sua resiliência no debate
público. Mesmo depois de tudo que as “deturpações das idéias de Marx” causaram
ao mundo no século XX, a concepção de socialismo no senso comum ainda é, em boa
medida, associada a uma imagem de preocupação com os pobres, justiça social e fraternidade. Por bem menos o nacional-socialismo foi (com toda a razão, sempre
é bom lembrar) condenado ao ostracismo e lançado com violência para fora do
escopo do que se considera aceitável na opinião pública. Provavelmente é por
isso que não é difícil encontrar quem associe o capitalismo a tudo que há de ruim e, principalmente, veja no marxismo algo cuja raison d’etre seja destruí-lo. Não que isso não esteja em seu plano
de ação. A questão é que uma análise mais atenta da teoria marxista revela que
seu objetivo principal é outro.