A olhos leigos,
nada nos últimos cem anos distinguiu melhor a Suécia do bloco de gelo, prosperidade
e assistencialismo conhecido como Escandinávia do que a música pop. Dentre os países
nórdicos, nenhum deu maior contribuição à era de ouro da música popular
ocidental. Mesmo que os noruegueses do A-Ha e os dinamarqueses do Mercyful Fate
tenham conseguido alguma projeção, nada se comparou ao fenômeno das duas
maiores e mais conhecidas bandas de Estocolmo. O Europe ficou mundialmente
conhecido em 1986 com The Final Countdown, cuja faixa título os fez atingir um
patamar nunca mais alcançado. O ABBA, por sua vez, é simplesmente o grupo mais
bem sucedido do catálogo da gigante Universal Music Group.
Mais do que uma
dentre tantas bandas que depois de um breve auge raramente é lembrada, o ABBA
se tornou um ícone da Suécia. Suas letras leves e melodias cativantes o
tornaram o símbolo de uma época. Tratar da história da cultura ocidental nos
anos 70 sem mencionar a influência dos suecos é como passar pela história
britânica e ignorar Oliver Cromwell ou Henrique VIII.
Dentre os sucessos da banda, Dancing Queen é um dos mais emblemáticos. À primeira vista, a história de uma
garota de 17 anos que sai numa sexta à noite para dançar pode parecer literal e
sem qualquer pretensão, mas o contexto político mundial no qual a canção foi
lançada dota sua leveza e simplicidade de uma carga de significado que poucas
músicas escritas com propósitos políticos conseguem transmitir.
É impressionante
pensar como, em 1976, apenas a Finlândia se encontrava entre a prosperidade e as liberdades suecas e a tirania, o desespero e a escassez que eram regra do
outro lado da Cortina de Ferro. Três anos depois, uma revolução muçulmana no
Irã iria acabar com os últimos resquícios de liberdade que o Xá
tinha tentado implementar, tornando institucional a opressão cultural muçulmana
sobre as mulheres. As condições materiais, culturais e sociais que inspiraram
Benny Andersson e Björn Ulvaeus a escrever sobre algo tão trivial no Ocidente
como a liberdade de uma garota dançar sozinha em público sem se preocupar com a
próxima refeição (como acontecia a tantas garotas na URSS) ou sem temer ser
açoitada em praça pública (como ainda hoje é regra no Irã) é o que confere à
música uma essência que não pode ser ignorada: Dancing Queen é, no fundo, uma ode à civilização.
Boa parte das mulheres do mundo ainda é tratada como bem material de seus
pais, irmãos ou maridos. São negociadas como gado no mundo islâmico, sofrem
mutilação genital em tribos subsaarianas, são sistematicamente estupradas sob
conivência cultural na Índia e são intencionalmente abortadas, só por serem
mulheres, em algumas regiões da China. Em qualquer desses contextos, uma
música como Dancing Queen não poderia
ser interpretada como menos que uma expressão de cinismo sádico. Por incrível que possa parecer, a idéia de uma mulher ter autonomia para
fazer o que quer que seja sem permissão de um homem não é um valor universal e
não foi do dia para noite que isso se tornou regra no Ocidente.
O mainstream
cultural da Suécia multiculturalista de hoje não só ignora esses fatos como, ao
abusar de uma postura ideologicamente complacente com condutas criminosas de
imigrantes muçulmanos, ameaça o legado eternizado na canção do ABBA. Por mais
que autoridades governamentais e setores midiáticos "progressistas" empreendam um
esforço hercúleo em negar, os efeitos colaterais da invasão muçulmana já se
fazem presentes no país escandinavo: a elevada taxa de fecundidade dos
imigrantes, sua relutância em conviver com a cultura anfitriã, sua tendência a não
se integrar, agrupando-se em guetos que na prática são pequenos califados
dentro das cidades. Tudo isso, aliado às baixas taxas de natalidade dos suecos
étnicos, tem contribuído para converter o país em não mais que uma extensão do
mundo islâmico. Os problemas decorrentes dessa realidade não poderiam ser mais
evidentes.
Desde 1975,
quando as autoridades suecas passaram a adotar a política imigratória mais
relaxada da Europa, as taxas de crimes violentos sofreram um aumento de 300%. O crescente número de jovens suecos que decidem se juntar ao ISIS dá a medida de como a cultura
secular do país está sendo sobrepujada pelo vigor expansionista islâmico. O aumento de mais de 1400% nos casos de estupro desde meados da década de 1970
reflete um traço cultural característico de civilizações que enxergam as
mulheres como seres inferiores aos homens: em sociedades muçulmanas é natural que se
veja o estupro como uma forma de punição aplicável a mulheres que se recusam a
acatar as imposições sociais da sharia.
Há inclusive um termo em árabe cunhado exclusivamente para se referir a
estupros coletivos: taharrush. Os recentes casos
reportados na noite de ano novo nas cidades alemãs de Hamburgo
e Colônia, não são, como se vê, obras do acaso.
Nada, no entanto,
prejudica mais a sobrevivência da Suécia como nação do que a atitude das autoridades do país diante desse
panorama. Mais preocupados com suas convicções ideológicas do que com a segurança da própria população, os líderes
suecos parecem perdidos em constatar o quão distante da realidade estão suas
crenças. Desde encobrir violações de imigrantes e candidatos a asilo
para não legitimar adversários políticos a argumentar que o aumento do número de estupros se deve mais à rigidez da legislação do que ao aumento irrefreado do número de imigrantes árabes e norte africanos,
fugir da realidade parece ser a forma que os "progressistas" europeus encontraram
de tratar esses problemas. Essa revolta coletiva contra a estrutura da realidade atinge as raias do absurdo quando se observa autoridades utilizando a influência dos próprios cargos para fazer discurso revolucionário sem nenhum pudor. Margot Wällstrom, atual
ministra de relações exteriores do país chegou a associar (ou pelo menos tentar) o aumento do número de jovens suecos que aderem ao ISIS à postura de Israel na guerra que
trava contra o Hamas e outras organizações terroristas na Palestina. Cega pelo ódio à própria cultura, Wällstrom demonstra não passar de uma extremista irresponsável, muito aquém da altura do cargo que ocupa.
O establishment "progressista" sueco vive se
gabando da neutralidade do país nas duas grandes guerras do século passado. Além de ostentar covardia como virtude, padecem também do
complexo do rico culpado, endêmico na Europa Ocidental: acreditam piamente no embuste marxista de que sua prosperidade foi conseguida à custa da pobreza dos países dos quais recebem imigrantes. Assim, escancarar as portas
indiscriminadamente e tratar barbaridade com condescendência deixa de ser caridade para virar "reparação histórica".
No admirável mundo novo que a esquerda européia vislumbra,
a Dancing Queen não pode mais “ dançar, se esbaldar, aproveitar o melhor momento de sua vida”. Está presa num hijab
e tem medo de sair de casa desacompanhada na sexta à noite.
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