As capas da revista Cosmopolitan promovendo obesidade como ideal
de saúde são o equivalente contemporâneo da manipulação soviética de imagens.
Se, na década de 1930, a idéia era apagar da memória coletiva a associação entre
determinadas personalidades e as figuras de proa do regime soviético, neste
caso específico busca-se extirpar do senso comum a correlação lógica entre
obesidade e doença a partir do esvaziamento de sentido do termo “saúde”, manipulando-se
os ressentimentos de gente doente que vive em negação a ponto de exigir que se
mude a semântica das palavras para não se ofender.
Abaixo, a manchete do jornal
EXTRA recorre ao mesmo estratagema, desta vez explorando o estado mental perturbado
de pessoas com disforia de gênero a fim de embaralhar os conceitos de homem e
mulher.
A revista Superinteressante, por
sua vez, eleva a distorção dos fatos ao estado da arte. Enquanto denuncia o
suposto “extremismo evangélico” numa publicação, em outras relativiza o
potencial do islamismo em incitar a violência e o terror, chegando inclusive a
exaltá-lo como uma religião que emancipa as mulheres. Um alienígena que acabe
de chegar à Terra, ao se deparar com as manchetes vai imaginar pastores
neopentecostais explodindo ônibus e manifestações feministas em países
muçulmanos.
Esses são apenas alguns exemplos
da forma como, tal qual o Ministério da Verdade na obra 1984, os meios de
comunicação têm investido na manipulação ostensiva da realidade objetiva com
propósitos políticos. Como se usassem a obra de Orwell de manual, esses casos,
dentre tantos que se pode testemunhar atualmente, têm o mesmo modus operandi: o esforço de manipulação
dos fatos mediante a distorção semântica da linguagem.
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