“Você vai acreditar em mim ou nos seus olhos?”
Groucho Marx
"Controlamos
a matéria porque controlamos a mente. A realidade está dentro do crânio. (...)
Não há nada que não possamos fazer. Levitar, ficar invisíveis - qualquer coisa.
Se quiser posso flutuar como uma bolha de sabão. Mas não quero, porque o
Partido não quer. Você precisa se livrar dessas ideias do século XIX a respeito
das leis na natureza. Nós é que fazemos as leis da natureza."
George Orwell, 1984.
“Qualquer
coisa podia ser verdade. Eram tolices as chamadas leis naturais. Era bobagem a
lei da gravidade. ‘Se eu quisesse’, dissera O'Brien, ‘eu poderia flutuar no ar
como uma bolha de sabão’. Winston raciocinara. ‘Se ele pensa que flutua no ar,
e se eu simultaneamente pensar que o vejo flutuando, então a coisa de fato
acontece’. De repente, como um destroço submerso que aflora à tona, um
pensamento rompeu-lhe no cérebro: ‘Não acontece de fato. Nós é que imaginamos.
É uma alucinação’ ”.
George Orwell, 1984
“Você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar
as conseqüências de ignorar a realidade.”
Ayn Rand
Em 1951 o psicólogo Solomon Asch
realizou um experimento a fim de observar o poder da conformidade nos grupos
humanos. O teste era bastante simples, consistia em apresentar a um voluntário duas
folhas onde estão impressas linhas pretas. Numa delas há apenas uma e, na
outra, três paralelas de tamanhos diferentes, sendo que uma destas é idêntica à
da primeira folha. Feito isso, perguntou-se ao avaliado qual das linhas da
segunda folha correspondia à da primeira. Após algumas rodadas de perguntas
sendo contrariados por atores que acreditavam também estarem sendo testados, três
em quatro dos 123¹ avaliados passaram a, pelo menos uma vez, seguir a opinião
dos demais a despeito da evidência empírica fornecida pelos próprios olhos.
A experiência mostrou a
facilidade com que um ser humano pode ser induzido a negar a realidade sólida e
factual por pressão social. Com o advento da
Modernidade essa funcionalidade humana, por assim dizer, passaria a ser
explorada ao máximo com o intuito maquiavélico de se manejar os fatos por
razões políticas. A partir do momento em que o eixo da razão humana deixa de
ser a busca pela vida eterna e passa a ser a mera satisfação egoística dos
desejos individuais, qualquer coisa passa a ser admitida nesse intuito,
inclusive fazer o mundo e a própria natureza humana de argila nas mãos de
engenheiros sociais.
O fim da “Idade das Trevas” marcou o início de uma grande guerra ferrenhamente travada até hoje: a guerra contra os olhos. A série de textos a seguir é uma
tentativa de investigação dos fundamentos filosóficos que possibilitaram ao
homem achar que pode brincar de Deus “construindo sua própria realidade”, bem
como uma constatação das consequências disso no mundo de hoje.
1 - Asch, Solomon E. "Opinions and social pressure". Readings about the social animal (1955): 17-26.
Interessante !
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